No universo da fotografia contemporânea, poucos recursos são tão essenciais quanto o site LensCulture. Reconhecido internacionalmente como uma plataforma de destaque, o LensCulture não apenas celebra fotógrafos emergentes e consagrados, como também serve de ponto de referência para críticos, curadores e pesquisadores. Através de suas exposições virtuais, premiações e artigos, ele apresenta olhares únicos que capturam o presente e desenham caminhos para o futuro da fotografia.

Seja você um amante da fotografia, um profissional, pesquisador ou um admirador ocasional, conheça aqui três fotógrafos contemporâneos destacados pelo LensCulture que vão inspirar e desafiar seu olhar sobre o mundo.


1. Yusuke Takagi: Fragmentos Poéticos de uma Realidade Efêmera

Yusuke Takagi, nascido no Japão, é um artista que transforma o ordinário em algo sublime. Sua fotografia se caracteriza por um olhar contemplativo, captando a beleza em cenas comuns do cotidiano. Takagi encontra poesia em temas como identidades fragmentadas, memórias efêmeras e o impacto das transformações sociais na paisagem e no ser humano. Seu olhar é delicado, marcado pela utilização habilidosa da luz natural e pela sutileza na composição, criando imagens atemporais e melancólicas.

Em sua série “The Hidden Flow”, Yusuke nos convida a conhecer o Japão rural, um espaço silencioso onde a modernidade não apagou as tradições. Locais esquecidos ganham protagonismo em suas lentes, com o tempo como personagem central. Ele não apenas fotografa espaços, mas documenta a relação espiritual entre o homem e o ambiente natural. A abordagem de Takagi lembra o minimalismo, deixando o espectador suspenso entre a contemplação e a inquietação sobre o que se perde na contemporaneidade.

Em anos recentes, Takagi tem exposto internacionalmente, incluindo participações em feiras de arte na Ásia e na Europa, onde seu trabalho ganha admiração tanto pelo rigor estético quanto pelo conteúdo poético. Seu portfólio já foi destaque em publicações como a British Journal of Photography e o próprio LensCulture. Seu olhar calmamente revolucionário também se manifesta em fotolivros premiados que ganham destaque no cenário editorial de arte asiática.


2. Marisol Méndez: Entre a Identidade e o Sagrado

Nascida em Cochabamba, na Bolívia, Marisol Méndez é uma das vozes mais potentes da fotografia latino-americana contemporânea. Sua obra percorre o universo do documental, do retrato e do surrealismo, criando um vocabulário visual que combina cores vibrantes e narrativas profundas. Inspirada por temas como identidade, tradições culturais, feminilidade e machismo, Méndez desenvolve imagens que confrontam estruturas sociais e revelam uma aura simbólica e sagrada em cada composição.

No projeto “Madre”, Marisol questiona o lugar das mulheres em uma sociedade patriarcal e colonialista. Ela cria retratos híbridos, onde realidade e mito coexistem: figuras femininas são apresentadas em cenários que lembram pinturas religiosas, mas desafiando hierarquias tradicionais. Sua influência transita entre a iconografia católica presente na Bolívia e o olhar crítico contemporâneo que busca dar voz a narrativas invisibilizadas. Seu trabalho já foi descrito como uma fábula visual que homenageia, ao mesmo tempo que desconstrói, os estereótipos de género e cultura.

Em 2022, Marisol Méndez expô no Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre e também foi finalista em competições como o Prix Pictet, que destaca artistas cujos trabalhos impactam discussões globais. Além de exposições individuais e coletivas na Europa e América Latina, seu trabalho também integra importantes coleções de fotografia contemporânea e foi publicado em fotolivros como “Myths and Identities”, sucesso editorial no campo das artes visuais.


3. M’Hammed Kilito: Narrativas Invisíveis do Norte da África

M’Hammed Kilito, natural do Marrocos, é um contador de histórias visuais que utiliza a fotografia documental para iluminar narrativas do Norte da África que raramente ganham espaço na mídia convencional. Seu trabalho cria uma ponte entre a estética e o ativismo, abordando temas como juventude, meio ambiente, tradição e identidade. Seu olhar sensível e apurado traduz a complexidade de sociedades em transição, enquanto questiona as relações humanas com o território.

Na série “Before it’s Gone”, Kilito revela os impactos dramáticos da desertificação nas comunidades rurais marroquinas. Ele fotografa não apenas a paisagem seca, mas também as histórias de pessoas que lutam para preservar seus lares e culturas. O projeto foi amplamente elogiado e exibido internacionalmente, com destaque no Paris Photo, principal feira mundial de fotografia, e no Photoville NYC.

Kilito, um defensor da preservação ambiental e cultural, também ganhou projeção através do World Press Photo, onde suas séries foram premiadas. Além disso, ele participa de publicações renomadas como The National Geographic e Le Monde. Por meio de sua abordagem profundamente humana, suas fotografias transcendem as fronteiras locais, oferecendo reflexões urgentes e globais sobre resistência e permanência cultural.


A fotografia contemporânea reflete as complexidades do mundo em que vivemos. Os artistas selecionados pelo LensCulture demonstram que, através de suas lentes, novas histórias podem ser contadas e novas perspectivas reveladas. Uma conexão interessante entre Yusuke Takagi, Marisol Méndez e M’Hammed Kilito é o uso da fotografia como meio para dar visibilidade a realidades invisíveis, sejam elas geográficas, sociais ou culturais. Enquanto Takagi aborda a efemeridade do Japão rural, Méndez desconstrói mitos coloniais e exalta a identidade feminina, e Kilito documenta as consequências da desertificação nas comunidades do Norte da África.

Através de poética, questionamento cultural e ativismo visual, esses três artistas transcendem fronteiras e inspiram o olhar dos espectadores a enxergarem o mundo sob novas perspectivas.

Quer conhecer mais sobre esses e outros nomes? Visite LensCulture.com e mantenha-se atualizado sobre as vozes mais relevantes da fotografia global.

Artigo anteriorNorberto Pezzotta: Um Fotógrafo entre Arte, História e Documentário
Próximo artigoEscola Solano Trindade oferece curso livre de Fotografia (EaD) com inscrições abertas até 09/01/2025
Felipe Garofalo
Felipe Garofalo (1983, São Paulo) é pesquisador, gestor cultural e mestre em História, Crítica e Teoria da Arte pela ECA/USP, onde desenvolve pesquisa sob orientação do Prof. Dr. Tadeu Chiarelli. Possui especializações em Gestão Pública (FESPSP), Gestão de Cidades (UNINOVE) e Gestão e Políticas Culturais (Universidade de Girona, Espanha). Idealizador do LAB FOTO (Centro Cultural São Paulo, 2017), atuou entre 2020 e 2022 no Núcleo de Curadoria do Museu da Cidade de São Paulo, com foco em projetos de fotografia na Casa da Imagem e no Prêmio Militão Augusto de Azevedo. Co-curou mostras como Registros do Brás (2022), Uma outra cidade, um outro tempo (2022) e Mário de Andrade e a estética fotográfica modernista (2023). Escreve regularmente sobre cultura e fotografia, com textos publicados na REDE, no Jornal da Fotografia e na Revista Morel. É associado à REDE, ao Fórum Brasileiro de Direitos Culturais (FBDC), à Associação Fotoativa e ao NUFCA, atuando em articulações voltadas ao fortalecimento da fotografia e da cultura no Brasil.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui